Agora nem nómada, nem emigrante.


terça-feira, março 22, 2016

Nunca mais escreveste...

Quando te chamam para um crepe a meio de uma noite já ida e tu não aceitas? Ninguém se perguntará das causas e das consequências de tal acto irreflectido. Enquanto o sonho matinal ainda te açambarca o cérebro - os vestígios dele - encontras aquela senhora loira com quem sonhaste, mas não tens tempo, nem capacidade para verbalizar um "sonhei contigo" ou um simples "estavas no meu sonho", isto porque se prevê a consequência de umas tantas questões que não seriam de todo retóricas. Então, num momento qualquer do lusco-fusco desse dia, desce a escritora pelas escadas balançantes e dança vertiginosamente, como se não houvesse mais vergonha amanhã. Por cinco minutos em que a soma das partes consistia na totalidade inequívoca, coloquei pouca história e zero de charme e não fui. Desta vez o corpo foi ausente. Lembro-me sempre dos brincos de uma pessoa que não espirrava pó de pão. Praticamente todos os momentos alimentícios saberíamos fazer uma selecção. Então, à varanda, sentei-me na verga e saboreei -por ela e por mim (também por nós, sim) - as batatas que têm pacote verde e sabor, por são livres. Sim, senti-me livre quando não fui. Cansei de coisas. Entretanto, descem em mim heranças secretas, pensamentos vagueiam entre o dever e o ocultar. Foram-se as cartas lidas, os anos de miúda. Num Março qualquer, há uma residência camuflada de pudim de chocolate. Parece que as pessoas fazem mesmo os lugares.

Eli

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