Nessa noite, voltei a escrever no meu diário.
Durante essa semana, sempre que chegava ao meu carro, logo pela manhã, tinha lá uma rosa vermelha presa no pára-brisas.
Uma semana depois, estacionei o carro e, quando estava a chegar junto à porta, carregadíssima de compras, aquele Desconhecido estava lá e ofereceu-me ajuda. Eu recusei, agradeci-lhe e sorri ao mesmo tempo que quase fazia malabarismo para tentar abrir a porta. Que mania de fazer sempre tudo sozinha! Os iogurtes cariram ao chão, abriram-se e ri-me da minha figura. Ele também. Quando entrei e pousei as coisas, oferecei-lhe algo para beber. Então disse-me:
D: Recusou a minha oferta, então recuso a sua, também. Quem sabe um dia destes aceito.
Despedi-me. Tranquei a porta e fui tomar o meu merecido banho longo. Incrível como o meu pensamento ainda ia ter sempre às vivências com o H.
Durante essa semana, mal saí de casa. Não voltei a encontrar o Desconhecido ou o H.
Numa Segunda-feira de manhã, acordei com o barulho das obras, ouvi alguém a bater à porta e pensei que fosse o Desconhecido. Lá fui eu, de pijama, sonolenta, com um olho aberto e o outro fechado, tocando nas paredes para não me desiquilibrar.
Abri a porta.
Primeiro, só via a luz branca e uma sombra. Abri e fechei os olhos várias vezes.
Eu: H!?
H: Sim, parece que não me estás a ver, já que estás com os olhos fechados.
(Soltámos uma gargalhada.)
H: Não me queres ver, nãoo é?!
Eu: Hmm?! Não, quero dormir. Estava a dormir... Ai...
H: Estou a ver que a hora não é apropiada. Esperei lá fora, mas pensei que não estivesses a dormir com o barulho das obras...
Eu: Pois...
Convidei-o a entrar. Sentei-me numa ponta do sofá. Ele sentou-se na outra.
Contou-me da sua viagem. Tinha ido ver a sua família, resolver alguns conflitos do passado. Pareceu-me que ainda não estavam muito resolvidos, pois falava como se ainda estivesse lá a vivê-los.
Olhou-me nos olhos. Desviei o olhar, sempre que me fitava.
Eu: Então foste-te embora e deixaste-me aquela folha...
H: ...mágica.
Como não poderia ter pensado naquilo?! Aquela folha era a última tecnologia! Fiquei com aquele olhar surpreendido, embora tentasse disfarçar, porém, era impossível!
H: Como me tinhas dado aquela para te enviar mensagens, resolvi fazer o mesmo. Não reparaste na dobra?
Eu: Ah!...
H: A única coisa que me escreveste foi o
H desenhado de uma forma peculiar!
Eu: Poderias ter explicado!
H: Queres que tire a máscara?
Eu: Não.
E aninhei-me na mantinha do sofá, fitando o seu olhar.
Eli
:)